27 de abr. de 2010

Carta Aberta da Feira de Economia Solidária

"Estamos construindo o inédito viável"

Paulo Freire

 

Nos dias 24 e 25 de abril 2010 realizamos a Feira Eco Solidária, no Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio, no município de Farroupilha, no RS, Diocese de Caxias do Sul. Iniciativa da Cáritas e Escola de Formação Fé Política e Trabalho, a Feira propõe ser um momento de engajamento em uma prática que visa:

- promover a pessoa humana – sujeito histórico do processo libertador – a partir de uma ação coletiva, visando uma transformação social;

- estimular que o tema da Campanha da Fraternidade 2010 "Economia e Vida" passe da teoria à prática;

- dar visibilidade aos empreendimentos de economia solidária, contrapondo uma economia hegemônica, consumista e excludente.

 

No sistema econômico capitalista, as atividades econômicas são orientadas para o acúmulo, o lucro, o capital. A concepção de desenvolvimento é a do crescimento da economia, medido pelo aumento da produtividade e da produção de riquezas, pela ampliação da capacidade de consumo nas cidades e pela modernização tecnológica, na produção e nos bens de consumo. Esta concepção está em crise. Há também crise econômica (fruto do capital financeiro especulativo) e crise ecológica, sinalizada pela escassez e esgotamento da natureza.

 

Outra economia é possível?

 

A economia solidária é um jeito de fazer atividade econômica de produção, oferta de serviço, comercialização ou consumo baseado na democracia e na cooperação, o que chamamos de autogestão: ou seja, na economia solidária não existe patrão nem empregados, pois todos os integrantes do empreendimento (associação, cooperativa ou grupo) são ao mesmo tempo trabalhadores e donos.

 

"A economia solidária é um ato pedagógico" (Paul Singer).  O diálogo, a troca de saberes e experiências, tornam as pessoas capazes de construir outra sociedade. "Apenas quando somos instruídos pela realidade é que podemos mudá-la" (Bertold Brecht).

 

A economia solidária é também um jeito de estar no mundo e de consumir produtos locais, orgânicos, saudáveis, que não afetem o meio ambiente, que não sejam transgênicos, que não provenham de grandes empresas, multinacionais ou transnacionais, dando preferência ao consumo de produtos de pequenos e micro empreendimentos.

 

É também um movimento que luta pela mudança da sociedade, baseada num modelo de desenvolvimento centrado na pessoa e construído pela população, a partir de valores como solidariedade, democracia, cooperação, com preservação ambiental e respeito aos direitos humanos.

 

Nesse sentido, nos comprometemos a apoiar iniciativas de fomento e suporte à economia solidária, como:

 

1.       Coleta de assinaturas para apresentação do Projeto de Lei de Iniciativa Popular, para construir o marco legal para a Política Nacional de Economia Solidária.

 

2.       Construção de mecanismos de viabilização e organização da produção, do comércio justo, consumo consciente e comercialização direta.

 

3.       Criação de políticas públicas de crédito e microcrédito para empreendimentos de economia solidária.

 

4.        Reivindicação de programa de financiamento de microcrédito para empreendimentos solidários com fundos de apoio nos bancos públicos e com recursos do Pré-Sal.

 

5.         Isenção da tributação para produtos industrializados da rede de economia solidária.

 

6.       Programas de incentivo a agricultura familiar ecológica em todos os seus processos, como: formação qualificada de técnicos, troca de experiências, aquisição de insumos, infra-estruturas de produção, armazenamento e comercialização.

 

A economia solidária não pode sozinha eliminar as desigualdades e a exclusão, mas é uma força de mudança que pode mostrar um caminho para outra economia possível.

 

Farroupilha, 25 de abril de 2010.

 

Feira de Economia Solidária

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