
28 de abr. de 2009
17 de abr. de 2009
Abril vermelho. Memória de um massacre impune
No dia de hoje, 17 de abril,  cumprem-se 13 anos do massacre praticado pela polícia militar do Estado do Pará,  em Eldorado dos Carajás, que resultou na morte de 22 agricultores sem-terra,  mais 70, entre mutilados e feridos. Condenados judicialmente, como responsáveis  pela chacina, o Coronel José Mario Colares Pantoja e o  major José Maria   Pereira de Oliveira, às penas de 228  anos e 154 anos de prisão,  respectivamente, os dois continuam livres, por força de recursos que impetraram  junto ao Superior Tribunal de Justiça em Brasilia.  
Como nos protestos públicos que  ocorrem frequentemente 
Esse  tipo de protesto, todavia, que atrapalha um trânsito de veículos,  mais não visa  do que desbloquear um trânsito de pessoas rumo a uma terra  prometida em lei!,  tanto no Estatuto da Terra quanto na Constituição  Federal (arts. 
Como se  sabe, a versão manipulada de um efeito como  se ele fosse a verdadeira causa de um determinado fato, é um dos ardis mais  usados pela formação daquilo que a ideologia tem o poder de criar como "falsa  consciência"; no caso, o protesto público em favor da reforma agrária deixou de  ser a causa real, dando lugar ao bloqueio da estrada como causa justificativa da  repressão. Assim, para o poder oligárquico da elite agrária do país, e para  grande parte do Poder Público que lhe dá cobertura, o injustificável atraso que  se verifica na tramitação judicial do processo que visa apurar a  responsabilidade de quem comandou o massacre é de todo conveniente, pois não só  garante a impunidade de quem o praticou, como, pelo simples decurso do tempo,  relega tudo ao esquecimento coletivo. 
O chamado abril vermelho, portanto,  que leva para as ruas e estradas tantos agricultores sem terra, não quer que  essa manipulação consagre um tal esquecimento, esse  sim, criminoso, flagrante violação dos direitos humanos das vítimas, aí não só  as do iníquo massacre de Carajás, mas desse outro, que não permite a realização  da reforma agrária e do acesso à terra de milhões de brasileiros pobres.  
Engana-se quem pensa  que um absurdo como esse seja coisa exclusiva do Pará. Aqui mesmo no Rio Grande  do Sul, todo o ano de 2008 e os poucos meses decorridos de 2009, comprovam que o  Ministério Público persegue tenazmente as/os sem-terra com um apoio  extraordinariamente poderoso, pela ordem, dos latifundiários gaúchos, do Poder  Executivo e do Judiciário. Embora obrigado a recuar do propósito inicial de  "dissolver" o MST (!), coisa que pode ser comprovada documentalmente pela ata de  uma reunião do Conselho Superior do 
do mesmo Ministério, os promotores  encarregados de investigar o Movimento e processá-lo o que não conseguiram no  atacado, estão tentando fazê-lo no varejo. "Despejos" violentos de acampamentos,  buscas e apreensões, publicação de relatórios pertencentes às suas lideranças,  apanhados nessas buscas e revistas, tudo com apoio ostensivo e violento da  polícia militar do Estado, culminando agora com o fechamento da escolas itinerantes do MST,  isso tudo visa, senão dissolvê-lo,  desmoralizá-lo ao ponto de retirar-lhe todo e qualquer apoio não só a ele como a  qualquer política pública de reforma agrária. Com tal estardalhaço repercutindo  na mídia, se "compensa" o escândalo vergonhoso de Carajás.  
Essa agilidade toda ocorre quando o  Ministério Público estadual, ou até a Procuradoria da República, no âmbito de  suas competências, são provocados, para apurar as truculências e maldades  praticadas pela polícia militar contra os agricultores sem-terra? A iniciativa é  tão veloz  contra os latifundiários que,  desobedecendo a lei, bloqueiam (!) a porteira das suas terras, não permitindo  vistorias do Incra sobre seus latifúndios, para medir  os índices de sua produtividade? Alguma ação civil pública é movida para  desbloquear a estrada (!) de modificação de tais índices, defasados há décadas?  Alguma outra ação foi proposta pelos promotores para conferir as licenças que  estão sendo concedidas às transnacionais plantarem  eucalipto pondo em risco nosso meio-ambiente? Compare-se tudo com o tempo  necessário para uma ação  de desapropriação de latifúndio  rural chegar ao fim e permitir acesso dos sem-terra ao que eles tem direito e  ela visa obter. 
             Parece mentira, mas uma constatação como a de Victor Nunes Leal, um  ministro do Supremo Tribunal Federal, cassado em 1969 pelo AI-5, pode recomendar  cuidado a quem pensa que acontecimentos como do de Carajás ou como os que  atualmente agridem os sem-terra no Rio Grande do Sul, seja coisa somente do  passado. Em Coronelismo, enxada e  voto, denuncia esse defensor dos direitos humanos a estreita ligação que as oligarquias agrárias guardam com  todo o aparelho de repressão que o Estado mantém, como uma verdadeira  "magistratura oficiosa, reforçando o governismo dos chefes locais" para "fazer  justiça aos amigos" e "aplicar a lei" aos adversários." ... (Rio de Janeiro,  Nova Fronteira, 1997, p.  242).  
Que o chamado "respeito à lei", portanto, tão apregoado pela "moderna inquisição" montada contra os sem-terra, não coincide sempre com a justiça, isso sabe bem o poder econômico do qual, saiba ou não, queira ou não, ela é cúmplice. Denúncias de um tal tipo, talvez, consigam convencê-la de que, em contexto idêntico ao que descreve o evangelho para a sua conduta, um camelo não passa pelo buraco de uma agulha.
13 de abr. de 2009
MNDH quer um Supremo mais justo e menos polêmico
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 "Recentemente, nós do MNDH já nos posicionamos com relação às falas do presidente do Supremo, quando dissemos que há meses ele tem se comportado como uma espécie de líder de oposição ao governo do presidente Lula e que insiste em se insurgir contra os movimentos sociais brasileiros", diz Gilson Cardoso, coordenador nacional do Movimento. "É óbvio que como cidadão brasileiro Gilmar Mendes tem o direito de emitir suas opinião, mas como bem lembrou recentemente o jornalista e escritor Carlos Heitor Cony, ele emite opiniões antecipadas sobre questões que a sua Corte poderá vir a julgar futuramente, ou, como no caso da Lei de Imprensa, está julgando", lembra Gilson Cardoso. Prisões especiais No início desta semana, Gilmar Mendes voltou a polemizar ao defender uma ampla discussão sobre fim das prisões especiais para pessoas com diploma. No último dia 1º de abril, o plenário do Senado havia aprovado, em votação simbólica, o projeto de lei que acaba com a prisão especial para quem tem diploma de ensino superior, com exceção de juízes, ministros de tribunais e membros do Ministério Público (procuradores e promotores). Incomodado, Mendes afirmou que "já houve discursos de que o STF só cuida dos interesses dos ricos. Mas dos 350 habeas corpus que concedemos no ano passado, 18 casos foram por princípio de insignificância: roubo de sabonete, de pasta de dente, de bambolê e outros". "Acho interessante gritarem dessa forma quando pessoas poderosas são presas. Eu não vejo as autoridades importantes desse País gritando quando gente pobre é presa na favela. (...) O crime do colarinho branco mobiliza as autoridades brasileiras", critica o promotor de justiça Roberto Levianu em referência às declarações do presidente do STF. "A questão  diz Gilson Cardoso  não são sabonetes, pasta de dente e bambolê a que se refere, ironicamente, o presidente do STF. A questão é que é público, notório e visível que enquanto o pobre permanece na cadeia seja lá por qual razão, o rico escapa dela sob qualquer argumento e sob qualquer desculpa, como foi o caso da dona da Daslu." Ministério Público Gilmar Mendes defendeu a criação de uma vara especializada para controlar as atividades policiais, pois, para ele, alguns membros do MPF não só não fiscalizam como contribuem com os abusos cometidos pela PF. "Esse tal controle externo do Ministério Público (sobre a PF) é algo lítero-poético-recreativo", disse Mendes, ao ser questionado sobre a atuação da Polícia Federal na Operação Castelo de Areia. Roberto Livianu, presidente do Ministério Público Democrático, uma ONG cujos membros fazem parte do Ministério Público de todo o Brasil, estende a sugestão para todos os cargos públicos, inclusive o de Mendes: "O exercício do poder precisa ser controlado. Portanto, isto vale aos ministros do Supremo, desembargadores, promotores, deputados, senadores e presidente da república. Todos precisam ser fiscalizados". "O MNDH defende um maior controle de todas as estâncias públicas deste país, especialmente um controle pela sociedade civil de nossa polícia. E vamos mais longe, ainda: é preciso rediscutir não apenas o papel da polícia, como também das Forças Armadas brasileiras", defende o coordenador nacional do MNDH. Direito de resposta Sobre a controversa Lei de Imprensa, criada durante a Ditadura Militar, Gilmar Mendes disse que a sua revogação total "vai provocar um vácuo sobre alguns temas da legislação". Para ele, é "preciso que exista uma legislação para assegurar, por exemplo, o direito de resposta. Não subscrevo esse entendimento de que não há lei. Não se pode entregar a qualquer juiz ou tribunal a construção do que é direito de resposta. O mundo não se faz apenas de liberdade de imprensa, ele se faz também de liberdade da pessoa humana". Para Gilson Cardoso "é óbvio que não se pode entender uma sociedade moderna sem uma legislação que garanta a livre expressão  com todos os seus ônus e bônus , mas também não se pode viver em sua sociedade em que os meios de comunicação estejam concentrados nas mais de umas poucas empresas". Lei Maria da Penha Mantendo a postura polêmica, Gilmar Mendes também é capaz de afagos nos avanços conquistados pelos movimento sociais. Também no início desta semana, ele disse que "a Lei Maria da Penha está sendo bem sucedida, apesar de levantamento parcial da eficácia da lei revelar que apenas 2% dos processos concluídos resultam em condenação ao agressor". Para o presidente do STF "ainda existem muitos desafios pela frente. Um exemplo é a dificuldade ainda enfrentada por muitas vítimas de denunciar os casos de violência doméstica". "Não podemos criticar acidamente o presidente do STF quando ele se manifesta de maneira contrária às reivindicações e demandas dos movimento sociais e da sociedade brasileira em geral, e elogiá-lo por conta de alguma opinião que venha a ser simpática. Isso é sectarismo e isso não nos vai levar a lugar algum. Mas vamos nos manter atentos sempre que um posicionamento seu seja contrário aos interesses da sociedade brasileira, especialmente a mais pobre e a mais desassistida, ou que se configure  como já se configurou diversas vezes  como uma fala de interesse político-partidário", finaliza do coordenador nacional do MNDH. Foto fonte: Ademir Torres - Conselheiro MNDH  | 
1 de abr. de 2009
Continuamos a exigir toda verdade sobre a ditadura
Em cada diferença, a igualdade
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Seminário de Lançamento da Revista Tempo do Mundo nº 36 discute Política Industrial em Perspectiva Internacional 2025-05-22 A Revista Temp...
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Vídeo: https://www.youtube.com/live/OWyJah-p1kQ?si=BSdGijJUkrDu4AV1
 

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Gilmar        Mendes, continua falando bastante, seja como cidadão, seja como presidente        da mais alta corte de justiça do país.