31 de dez. de 2011

Para um ano novo mais feliz

Marcelo Barros

Quinta-feira, 29 de dezembro de 2011 - 1h10min | por Adital

O desejo é uma palavra mágica. Quando desejamos com força interior, emitimos uma energia misteriosa que nos impulsiona para o compromisso de realizarmos aquilo que desejamos. Isso pode ter conseqüências concretas para as pessoas e para o mundo. Nesses dias, há quem diga aos amigos e amigas "feliz ano novo" como mera formalidade. Entretanto, o mundo e nosso continente necessitam muito de que 2012 seja um ano mais feliz e de paz para cada um de nós e para nossa pátria grande. Por isso, quem almeja de coração os melhores votos de ano novo precisa saber como transformar o seu desejo em caminho positivo que construa um futuro novo e melhor.

Quando eu era menino, as pessoas acreditavam muito no poder do olhar. Diziam que existe o olhar bom que emite energia positiva e existe o mau olhado que provoca problemas. As vizinhas gostavam de contar histórias de uma visita que receberam. A mulher gostou da planta ornamental que havia no terraço da casa. Olhou-a com inveja. No dia seguinte, a planta que estava viçosa e florescente, amanheceu seca e murcha. As antigas culturas e religiões crêem na força da palavra. Em algumas religiões, as palavras curam ou, ao contrário, podem matar. Na Bíblia, vários salmos pedem a Deus que nos proteja das pessoas que, com sua palavra, podem provocar males como doenças e tragédias ecológicas (Cf. Sl 6, 39, etc). Essa cultura de pessoas que amaldiçoam vinha de Sumer, onde havia rituais de Shurpu, maldições comuns em algumas culturas populares que não tinham outra força além da palavra. No tempo da escravidão, um senhor de engenho mandava dizer a um escravo que, naquela noite mandasse a sua filha de menor idade à casa grande. O negro já sabia quais as intenções do senhor. Ele não tinha outro recurso do que a ameaça de uma maldição, principalmente se o senhor acreditasse que o despacho lhe faria mal. De fato, a própria Bíblia diz que a maldição de um empobrecido é ouvida e atendida por Deus (Cf. Eclo 4, 6). No Novo Testamento, a carta de Pedro insiste que temos a vocação de abençoar e não de maldizer. Somos chamados para invocar o bem sobre as pessoas e o universo (1 Pd 3, 9).

 A palavra é eficaz quando nasce no mais profundo do coração e é precedida pela prática da vida. A Bíblia diz que é como uma espada de dois gumes que penetra até as entranhas (Hb 4). Isaías compara a palavra de Deus com a chuva que cai, molha a terra. E não volta ao céu sem ter cumprido sua missão de fecundar e produzir o grão (Is 55). O Mahatma Gandhi ensinava: "Comece por você mesmo a mudança que deseja para o mundo". Somente pelo fato de desejar, não temos a força para transformar organizações e sistemas do mundo, mas podemos sim colaborar para que se façam as condições necessárias para que elas mudem. Então, que você expresse para os seus e para todos o desejo de um feliz ano novo, através de um verdadeiro compromisso social, solidário e renovador. Então se tornarão verdadeiras em sua vida, as palavras de uma antiga bênção irlandesa: "O vento sopre suave em teus ombros. Que o sol brilhe suavemente sobre o teu rosto, as chuvas caiam serenas onde vives. E até que eu te encontre de novo, Deus te guarde na palma de sua mão".

Marcelo Barros é monge benetidino e escritor. Pelo CEBI, publicou O Espírito vem pelas águas e A Vida se torna Aliança. Orar os salmos em uma espiritualidade macroecumênica.

 

Publicado em: CEBI – Centro de Estudos Bíblicos > http://www.cebi.org.br/noticia.php?secaoId=8&noticiaId=2656

 

14 de dez. de 2011

nesta quinta, às 22h

 

Frente a Frente entrevista a filósofa Marilena Chaui

 

O Frente a Frente desta quinta, 15/12, às 22h, entrevista a filósofa Marilena Chaui.

 

A intelectual faz uma análise dos eventos que marcaram o início do século e seus significados na conjuntura global. Marilena aborda também a defesa da reforma política como fator imprescindível para promoção da igualdade social no Brasil.

 

Foram convidados para a bancada do Frente a Frente o escritor e professor de Literatura da UFRGS, Luiz Augusto Fischer, o editor de Cultura do jornal Zero Hora, Luiz Antônio Araújo, e o jornalista Flávio Damiani.

 

O programa Frente a Frente também é transmitido pela rádio FM Cultura, que pode ser sintonizada pela frequência 107,7, ou pela internet, acessando o site www.fmcultura.com.br.

 

O Frente a Frente tem apresentação de Vitor Dalla Rosa e produção de Sandra Porciúncula.

 

TVE

Frente a Frente
Quinta, 15/12, às 22h
Reprise no domingo, 18/12, às 21h, apenas na TVE

 

http://www.tve.com.br/?model=conteudo&menu=83&id=745

9 de dez. de 2011

Direitos Humanos: uma luta permanente

Paulo César Carbonari

 

10 de dezembro é o dia mundial dos direitos humanos. A data marca a proclamação da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) pelas Nações Unidas (ONU), em 1948. A DUDH é um marco na luta pelos direitos humanos em todo o mundo. Esta luta, no entanto, não se restringe a esta data; é uma luta permanente de todos/as que acreditam que a dignidade humana está acima de qualquer preço, aliás, nunca pode ter preço, mas só valor, e não está disponível em qualquer hipótese.

 

Mas, será que estamos convencidos/as de que direitos humanos se constituem em valor universal? O que significa defender direitos humanos? Quais são os principais desafios para realizar os direitos humanos hoje? Refletir sobre estas questões é o chamamento deste artigo. Mesmo que não possa comportar todas as dimensões que as questões suscitam, apresenta alguns aspectos que podem ajudar a despertar consciências e a mobilizar práticas.

 

O conteúdo dos direitos humanos, a dignidade humana, constitui valor universal não só porque proclamada na Declaração, mas porque é o que constitui a humanidade em geral e que se faz realidade em cada pessoa. Ela simplesmente só pode ser valorizada, sem relativizações. Isto, no entanto, não significa que não se possa e nem se deva tomar em conta as condições concretas nas quais se apresenta. Pelo contrário, é só tomando em conta as singularidades e as particularidades que constituem historicamente os seres humanos que se pode valorizar concretamente o que há de comum, o que é universal. Por isso, posturas que advogam, por exemplo, que direitos humanos são apenas para "humanos direitos" não comungam da universalidade, visto que, de princípio, tomam as diferenças como motivo para desigualdades, resultando na exclusão de certos grupos e indivíduos humanos do campo da proteção dos direitos humanos. Por serem discriminatórias, estas posturas resultam em injustiça e em interdição de pessoas como sujeitos em dignidade e direitos. Assim que, se ainda nem todos/as estão convencidos/as do valor universal dos direitos humanos, põe-se uma tarefa pedagógica e política a ser implementada para produzir o debate público no qual as posições sejam explicitadas, para que argumentativamente sejam enfrentadas e, quiçá, resultem em convencimento. Por isso é que no preâmbulo da Declaração da ONU há uma convocação para que uma das principais tarefas seja exatamente a da educação em e para os direitos humanos.

 

Defender direitos humanos significa assumir uma postura pessoal e pública que toma os seres humanos simplesmente como valor. Significa agir de forma a promover todos os direitos humanos de todas as pessoas. Significa ser capaz de identificar os mais fracos e agir no sentido de protegê-los de todo tipo de ameaça, não de forma assistencialista, mas acreditando e investindo em sua condição de sujeitos de direitos. Significa também, em situações de conflito e violação, decidir, se posicionar, se pronunciar e agir a favor da vítima, o que significa cobrar a reparação das violações. Lutar pelos direitos humanos não é fazer revanchismo, mas é fazer valer a justiça. Agir em favor dos direitos humanos é fazer uma leitura consistente e profunda da realidade e associar-se aos sujeitos que lutam para que seus próprios direitos sejam respeitados, o que é sempre uma luta para que todos os direitos de todas as pessoas também sejam reconhecidos e respeitados. Assim, é em cada realidade concreta que se faz a luta por direitos humanos, mas sempre agindo de forma coerente com a concepção de que direitos humanos são um valor universal.

 

Nos dias de hoje emergem alguns desafios fundamentais para realizar os direitos humanos, muitos recorrentes. Como esforço analítico, referimos alguns:

a) assumir os direitos humanos como valor universal com respeito à diversidade, fazendo frente aos relativismos e a todo tipo de intolerância e de preconceito;

b) compatibilizar a promoção dos direitos humanos com a proteção e a preservação do ambiente natural;

c) enfrentar as novas formas de trabalho que de flexíveis nada tem;

d) garantir acesso e qualidade aos direitos sociais, particularmente a previdência, a saúde e a educação;

e) mediar conflitos e fazer frente às diversas formas de violência;

f) viabilizar sociedades justas, fazendo frente às graves desigualdades, à pobreza e à miséria;

g) reposicionar projetos de desenvolvimento que violam direitos humanos e desrespeitam o ambiente natural;

h) reverter a lógica consumista que tende a valorizar as coisas e a pôr preço nas pessoas;

i) afirmar a memória, a verdade e a justiça como direitos fundamentais a fim de promover o "nunca mais" do totalitarismo, das ditaduras, da tortura, do tratamento cruel, desumano e degradante, do trabalho escravo e infantil, do extermínio de povos originários; enfim,

j) educar a sociedade para que compreenda os direitos humanos como valor universal que se concretiza na singularidade de cada pessoa. 

 

A celebração do dia dos direitos humanos, além de momento para afirmar posturas e valores, é também momento para assumir compromissos e responsabilidades com a humanidade que está em cada um de nós e que se revela a nós pela relação com os outros. Superar todos os impedimentos e todas as interdições que os têm inviabilizado é a tarefa que se põe como chamado. Mais uma vez é momento de dizer: queremos todos os direitos humanos, para todas as pessoas, já!

 

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Doutorando em filosofia na Unisinos. Professor de filosofia no IFIBE. Ativista de direitos humanos na CDHPF/MNDH.

7 de dez. de 2011

sexta e sábado, em caxias

semana dos direitos humanos
 

sexta 14h
mesa redonda: superando preconceitos e construindo a igualdade
jackson raymundo - assessoria federativa da secretaria nacional dos dh do Governo Federal
dr. leoberto brancher - juiz da vara da infância e juventude
marisa formolo - dep. estadual, fundadora do cepdh (centro de estudos, pesquisa e direitos humanos), de caxias do sul

(câmara de vereadores)

 

sexta 18h30

programa rede de olhares, da ucstv, sobre:

ser humano – os direitos universais

podes participar do bate-papo lá no estúdio, é só te inscrever antes: 3218-2194 ou 3218-2399

vai ao ar às 18h30 (ao vivo) e às 22h30 (reprise).

dias depois, vídeo compacto disponível permanentemente no blog da ucstv: http://ucstv.wordpress.com/

a ucstv pode ser assistida na tv aberta, a cabo ou pela web - em http://www.ucs.br/ucs/cetel/ucstv/capa/capa

 

sábado 18h
vídeo-debate:

utopia e barbárie - histórias de nossas vidas - ou ter 18 anos em 68

(de silvio tendler, 2010)

 

sinopse: retrata e interpreta o mundo pós-segunda guerra mundial e suas transformações; as utopias que nele foram criadas e as barbáries que o pontuaram. Descreve o desmonte das utopias da geração sonhadora de 1968 e analisa a criação de novas utopias neste mundo globalizado.

 

o filme tem a participação de eduardo galeano, augusto boal, leonardo boff, franklin martins e outros

 

promoção: secretaria de juventude da uab, pastoral da juventude e cepdh

 

(câmara de vereadores > anfiteatro)

 

 


 

Em cada diferença, a igualdade

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